quinta-feira, 29 de outubro de 2009

C.

Meu nome é C., tenho 23 anos. Minha história aos olhos dos outros parece normal, sem sofrimentos.
Quando eu tinha 2 aninhos, meu pai bateu em minha mãe, deu um soco no nariz dela e saiu bastante sangue, me lembro como se fosse hoje, tinha uma colcha colorida de retalho na cama, que a minha avó fez. Não sei como, mas isso vem sempre na minha cabeça, como um filme, me marcou muito.
Morei em uma casa até os 3 anos, era um bairro longe da minha avó e de toda a família de minha mãe, mas de repente meu pai, que não parava em emprego nenhum, perdeu o emprego novamente e tivemos que nos mudar, pois não tinha como pagar aluguel, então fomos morar atrás da casa do meu avô, começou então o inferno da minha vida, pois antes, aos meus olhos, eu tinha uma vida de princesa, pois todo mundo gostava de mim.
Naquele lugar, meus primos me desprezavam por eu não ter dinheiro e principalmente por meu pai ser bêbado, por ele não ter emprego, por dormir na porta de casa... mas apesar de tudo ele era meu SUPER HEROÍ.
Quando fiz 5 anos nasceu minha irmã Jéssica, eu já sabia que ia mudar minha vida, comecei a apanhar do meu pai por qualquer motivo, nessa época comecei ajudar em casa e ir para a escola. Nunca vou esquecer do meu primeiro uniforme da escola e dos primeiros materiais, foi meu avô que me deu.
Todos me olhavam dos pés a cabeça, pois nunca tive roupas bonitas e muitas vezes não tinha merenda para levar, quase rodei na primeira série, quem fazia os temas era minha mãe, fiquei de recuperação, mas só rodei na quinta série, lembro que não queria entrar em casa com medo de apanhar. Apanhava muito, de cinta, de pau, de vassoura, mas hoje sei que aquilo não doía nada perto das palavras que magoam, machucam e deixam marcas que não cicatrizaram até hoje.
Quando tinha 7 anos, minha avó morreu e tudo piorou, pois minha mãe até hoje sente muita falta dela, falta que com o anos só piora.
O tempo passou, minha mãe virou evangélica, meu pai parou de beber e entrou para igreja, parecia que tudo ia mudar, mas piorou de vez, as surras aumentaram, começaram a me obrigar a ir na igreja de saia, tive que começar a ser o que eu não era, não podia mais nem brincar com minhas amigas.
Com 12 anos nasceu minha outra irmã, foi bastante doloroso, pois eu queria um menino já que a outra me incomodava bastante, mas quem criou a rebeca fui eu, dei o primeiro banho, vi o primeiro dente, inclusive meu nome foi a primeira palavra que ela disse, ela me chamava até de mãe.
Com 12 anos beijei pela primeira vez foi horrível, fui obrigada pelos jovens da igreja, para entrar no grupo deles, mais conheci o grande amor da minha vida, que hoje é meu marido.
O dia mais horrível da minha vida foi nos meus 15 anos, odeio aniversário até hoje, prefiro nem comentar.
A vida toda zombaram de mim, falavam mal, mas hoje sou o que sou e tenho o que tenho, graças á Deus e a minha força.
Daqui alguns anos minha mãe vai estar na primeira fila vendo o meu sucesso e eu vou olhar nos olhos dela e vou dizer:
_ Eu consegui! Me formei e você não me ajudou, mas não precisei de você.
QUANDO ESTOU FRACO É AÍ QUE SOU FORTE!!!!, este é o meu lema.

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